A Ponte Agostinho Ramos permanece imponente e testemunha da história do Brasil
A primeira ponte
Em 1880, Cachoeira Paulista, que se chamava Porto da Cachoeira é desmembrada da Vila de Lorena e, através da Lei Provincial nº5, e criada a Vila de Santo Antônio da Bocaina. Segundo Agostinho Ramos, já em 1884, o Legislativo cobrava das autoridades da Província a construção de uma ponte para a comunicação ente as duas margens do rio Paraíba que, até então era feita por balsas.
Em janeiro de 1885, com nova cobrança ao Governo da Província foi pedido também recursos para a construção da Igreja Matriz de Santo Antônio.
Em 1886, foi proposto por Antônio José da Costa e os irmãos Porto a construção de uma ponte de madeira e tinham como objetivo a cobrança de pedágio e ao mesmo tempo o Barão da Parnaíba, Vice-Presidente da Província abriu a concorrência para a construção de uma ponte de estrutura metálica com pilares de pedra que custasse até sessenta contos de réis.
Tal concorrência não vingou, pois em janeiro de 1888 a Câmara Provincial da Bocaina pediu novamente os recursos à Assembleia Provincial (atual Assembleia Legislativa) a construção da ponte conseguindo a liberação da verba de vinte e cinco contos de réis em abril do mesmo ano.
Segundo Agostinho Ramos a Vila da Bocaina recebeu em março de 1889 a visita do Presidente da Província, Dr Pedro Vicente e uma comissão de engenheiros para a avaliação do local a ser construída a ponte ao custo de setenta contos de réis. Em julho do mesmo ano o Barão da Bocaina Francisco de Paula Vicente de Azevedo, de Lorena, coloca-se como responsável pela supervisão a construção.
O engenheiro responsável foi João Corrêa da Costa e a tão esperada ponte foi inaugurada em 24 de abril de 1891.
Em 1897 a ponte apresentou fendas verticais que se dilatavam próximas à margem direita conforme foi publicado no jornal Correio Paulistano em 1953 em um artigo publicado por Agostinho Ramos detalhando as falhar estruturais e a atuação da antiga Superintendência de Obras Públicas para o reparo da mesma.
Foi enviado o engenheiro ajudante Portugal Freixo que após examinar a obra r apresentar as soluções que seria a reconstrução total pelo valor de sessenta contos de réis. A Superintendência discordou do laudo e enviou o também engenheiro ajudante Euclydes da Cunha que optou pelo reforço dos pilares com o que se chama de Cruz de Santo André, recurso que evitaria seu desabamento.
Com a aprovação do laudo de Euclydes da Cunha este ficou responsável pela análise das propostas apresentadas na concorrência feira pela Secretaria Estadual de Agricultura, subordinada a Superintendência. Com a obra concluída a ponte se tornou segura e se transformou no cartão postal da cidade e o mérito da restauração coube ao engenheiro Euclydes da Cunha. O engenheiro e escritor em seguida seguiria para Canudos como correspondente do jornal O Estado de São Paulo onde escreveria sua obra prima “Os Sertões”.
Depois se estabelece na cidade de Lorena após ser promovido a engenheiro-chefe do 2º Distrito de Obras Públicas sediado na cidade de Guaratinguetá.
A segunda e atual ponte
Em 1932, com a eclosão da Revolução Constitucionalista, 35 anos depois, outro Euclydes, este o Coronel Euclydes de Figueiredo e pai do Ex-Presidente e General João Baptista de Figueiredo, chega a Cachoeira para assumir o comando da 2ª D.I.O (Segunda Divisão de Infantaria em Operações), durante o conflito. De cachoeira o Coronel Euclydes comandava todas as operações militares contra as forças legalistas de Getúlio Vargas no chamado Setor Norte. Segundo Agostinho Ramos, o Coronel Euclydes instala as tropas na Margem Esquerda requisitando as casas de várias famílias para as devidas acomodações.
Durante o conflito soldados legalistas se posicionaram em Bananal, São José do Barreiro e avançavam para Queluz e a ordem do comandante era destruir as pontes sobre o rio Paraíba e pontilhões da via férrea destas cidades, o que não foi suficiente para deter o avanço das forças federais.
Na noite do dia 13 de setembro de 1932, Agostinho Ramos foi comunicado pelo próprio Coronel Figueiredo que a tão sonhada ponte seria destruída como estratégia de guerra. Era preciso conter o avanço das tropas de Getúlio Vargas e na manhã do dia 14 ela foi dinamitada.
O próprio Agostinho Ramos relatou o fato da seguinte forma:
“Deviam ser, mais ou menos, 3 horas da madrugada, três fortíssimos estampidos. Desmantelaram-se os transformadores, arriara a ponte que vai para a Margem Esquerda. (…). E aqui se verifica interessante e singular coincidência de reflexos antagônicos – em 1897, um Euclides, na paz, consolida uma ponte; em 1932, outro Euclides, na guerra, a destrói…”.
Com o fim do conflito e a rendição de São Paulo, a população de Cachoeira voltou a utilizar balsas para transitarem de uma margem para outra. Foi quando Agostinho Ramos, com apoio da população, iniciou uma grande campanha para a reconstrução da ponte. Foi atendido pelo Governo do Estado de São Paulo e o novo projeto do engenheiro Marcílio Malta Cardoso previa uma ponte de concreto armado e as obras tiveram início no dia 09 de julho de 1934 e concluídas em 11 de novembro do mesmo ano ao custo de seiscentos e dez contos de réis.
A nova ponte, com seus grandes arcos, foi inaugurada no dia 18 de novembro de 1934 com uma grande festa e voltou a ser o cartão postal da cidade onde permanece e leva o nome do ex-prefeito, sendo Ponte Agostinho Vicente de Freitas Ramos.
Texto de referência: https://redescobrindoovale.blogspot.com/2017/07/a-ponte-dos-dois-euclides.html