Bananal

Bananal e a riqueza do café

Bananal foi erigida em uma região ocupada pela etnia indígena dos Puris. O aldeamento existiu entre a Serra da Mantiqueira e florestas do Sertão do Bocaina, se estendendo até a região onde se encontra a cidade. O rio que cortava a localidade foi batizado por eles com o nome Banani, que significa “rio sinuoso”. O nome da cidade teria surgido daí. Primeiro com a corruptela “Bananá” e, por fim, Bananal.

Entre fins do século XVII e o início do século XVIII a região do Vale do Paraíba se tornou uma das principais rotas e ponto de passagem do ouro das Minas Gerais, de Goiás e do Mato Grosso, além do gado advindo do Rio Grande do Sul, recebendo o fluxo de tropeiros e viajantes.

O trajeto percorria o caminho que hoje fica entre Barra Mansa, Areias, Resende, Angra dos Reis e Bananal, servindo de pouso para aqueles que se dirigiam ao Rio de Janeiro.

Estação de Bananal - Construída em 1888

Estação de Bananal – Construída em 1888

Entre o rio Bananal e a Serra da Carioca passava também a Estrada Geral, bastante utilizada por sua abundância de anil, muito valorizado e utilizado na época como corante. Foi a primeira atividade econômica mais expressiva no local por um período aproximado de 20 anos, desaparecendo no início do século XIX.

Em 1770 foi aberto o “Caminho Novo”, estrada construída entre as capitanias de São Paulo e Rio de Janeiro. O caminho por terra foi concebido como via alternativa às viagens marítimas, que sofriam frequentes ataques de piratas e saqueadores.

Em 1783, o governo colonial traçou o objetivo de povoar o Caminho Novo e o Capitão-Mór Manoel da Silva Reis recebeu a missão de distribuir, a pessoas de sua confiança, 13 sesmarias criadas na região. A 9ª sesmaria, no rio Bananal, foi destinada a João Barbosa de Camargo. Ele e sua esposa ergueram uma pequena capela dedicada ao Senhor Bom Jesus do Livramento num local considerado o marco inicial da localidade.

A fundação de Bananal foi formalizada em escritura datada de 10 de fevereiro de 1785.

O CULTIVO DO CAFÉ E A EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

Após a abertura do Caminho Novo e com o esgotamento do ouro, a região foi ficando mais povoada e passou a viver da agricultura de subsistência, com produtos como cana-de-açúcar, feijão e milho.

A situação passou a mudar no início do século XIX, quando a cultura do café, baseada nas grandes propriedades de terra e no emprego da mão-de-obra escrava chegou à região. As terras férteis e o clima propício para o cultivo do “ouro verde” trouxeram pujança e mudaram a configuração política e administrativa. O Vale do Paraíba, que ficava a cargo de São Paulo, passou a ser desmembrado em vilas. Primeiro, houve o desmembramento da Vila de Taubaté (1645), depois a Vila de Guaratinguetá (1651) e Lorena (1788). Bananal pertenceu a todas elas. Em 26 de janeiro de 1811, Bananal foi elevada à condição de paróquia. Após novo desmembramento, Bananal foi anexada à Vila de São Miguel das Areias em 1816.

Após 16 anos ansiando também por sua independência administrativa, Bananal foi elevada à condição de Vila em 10 de julho de 1832 através de Decreto Imperial. A Câmara Municipal foi instalada em 17 de março de 1833. Nos anos seguintes, sua relevância política cresceu, alicerçada no ritmo de sua economia cafeeira.

Em 1836, Bananal era o segundo maior produtor de café da província de São Paulo. Em consequência da Revolução de 1842, Bananal chegou a ser anexado ao Rio de Janeiro por meio do Decreto n° 180 no mês de junho. Mas dois meses depois, em agosto, por outro Decreto, de nº 215, voltou a pertencer a São Paulo.

Progresso, população e riquezas continuaram crescendo e disso resultou a Lei n° 17, de 03 de abril de 1849, que elevou Bananal à condição de Cidade, resultando em grande festa das lideranças políticas locais. Em 30 de março de 1858 foi criada a Comarca de Bananal, anexando os termos de Areias, Queluz e Silveiras até 1866.

O PERÍODO ÁUREO DOS BARÕES DO CAFÉ

O desenvolvimento urbano de Bananal sempre esteve atrelado ao crescimento da cultura cafeeira. o povoado de uma única rua passou a ter três pouco antes de sua emancipação e foi crescendo ainda mais ao alcançar riqueza e prosperidade em seu tempos áureos do café.

Ultrapassou a arrecadação da capital e, devido à grande soma de impostos dali provenientes, chegou a alicerçar a economia de São Paulo e do Brasil.

Em 1854 a produção de Bananal era maior que de outras regiões paulistas. o café era comercializado com a Europa e com os Estados Unidos. No segundo reinado, Bananal era o centro da economia nacional e a terceira receita municipal do Estado.

Fazenda Resgate

Fazenda Resgate – Construída em 1776

No entorno da Igreja Matriz, casarões foram erguidos com os brasões de seus proprietários. Tanto suas residências urbanas como as rurais ostentavam azulejos portugueses, cristais belgas, artefatos e móveis importados. As sedes das fazendas transformaram-se em palacetes.

Os Barões do Café, elite do Império, depositavam dinheiro em bancos estrangeiros e financiaram obras como a construção do ramal bananalense da Estrada de Ferro, que passava pelas fazendas mais ricas e ia até Barra Mansa-RJ escoar a produção.

Uma estação metálica pré-moldada em chapas duplas almofadadas e assoalhos de autêntico pinho de Riga foi importada da Bélgica e inaugurada em 1º de janeiro de 1889. Serve até hoje como símbolo daquele período áureo, quando a cidade chegou a cunhar sua própria moeda. Composta sob a influência dos Barões do Café, o prestígio da Câmara Municipal chegou a endossar um empréstimo do Governo Imperial junto aos banqueiros londrinos, por exigência destes. Um de seus fazendeiros chegou a concentrar quase 1% de todo o papel moeda emitido no Brasil.

Com a queda do café, as lavouras foram substituídas por algodão e principalmente, a criação de gado leiteiro.

Fonte: Prefeitura de Bananal


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